Os 7 principais aprendizados da 17ª edição do Café com RH
Os aprendizados da 17ª edição do Café com RH mostraram que o evento vai muito além de um encontro de profissionais de Recursos Humanos.
Em um dia de muito conteúdo, palestrantes de todo o Brasil compartilharam ideias sobre tecnologia, comportamento e inovação para transformar o ambiente de trabalho e preparar líderes para os desafios do futuro.
Vamos conferir os principais insights desse evento? Vem com a gente na leitura abaixo e aproveite!
Aprendizado 1: A inteligência artificial como aliada do trabalho humano
Abrindo o evento, o jornalista e pesquisador em IA Ben Hur Correia destacou que a inteligência artificial (IA) já faz parte do nosso dia a dia e que, quando bem utilizada, pode liberar tempo para que as pessoas se concentrem no que realmente importa.
Como a IA já está moldando nosso cotidiano
Segundo Ben Hur, os principais usos previstos da IA até 2025 estão diretamente ligados à vida pessoal e ao autodesenvolvimento:
- Terapia e companhia digital;
- Organização da vida cotidiana;
- Apoio para encontrar propósito;
- Melhoria nos processos de ensino e aprendizado.
Essas aplicações mostram que as pessoas estão utilizando a tecnologia para ganhar tempo e investir em atividades que fazem sentido para suas vidas.
Resistência nas empresas: um desafio cultural
Apesar de quase metade dos profissionais já trabalharem lado a lado com a IA, segundo pesquisa da Universidade de Stanford apresentada por Ben Hur, ainda existe resistência quando o assunto é automação corporativa.
Por quê? Muitas vezes, as empresas automatizam áreas que não são prioridade para o colaborador, criando um desalinhamento entre expectativas e ações.
Onde a IA gera mais valor
Ben Hur destacou que a IA, quando aplicada corretamente, pode gerar resultados expressivos:
- Marketing e analytics: maior lucratividade;
- Desenvolvimento e TI: criação de produtos exclusivos;
- Vendas e atendimento: melhora da experiência e aumento de lucros;
- Inovação: desenvolvimento de novos produtos.
E nesse ponto, um marco da palestra foi a reflexão sobre como a IA muda a função do líder, fazendo com que ele deixe de ser apenas um tomador de decisão para ser arquiteto de decisões, criando sistemas que unem inteligência humana e artificial.
Para o pesquisador, o líder dentro de uma companhia quando utiliza bem as ferramentas de IA assume o papel de curador de inteligência coletiva, incentivando a colaboração entre pessoas e máquinas.
A verdadeira lição na era da IA não é sobre competir com as máquinas, é sobre decidir o que vale a pena decidir, afirmou Ben Hur.
Cinco zonas de cautela ao implementar IA
Para guiar empresas e líderes na adoção de IA, o palestrante apresentou cinco zonas que exigem atenção especial:
- Consequências irreversíveis: manter o julgamento humano.
- Ambiguidade ética: decisões que envolvem valores devem ser conduzidas por pessoas.
- Criatividade disruptiva: IA deve amplificar ideias, não substituir a inovação humana.
- Conexão humana autêntica: empatia e confiança continuam sendo papéis do ser humano.
- Incerteza radical: em cenários inéditos, a liderança humana é insubstituível.
Com o cuidado correto, é possível fazer a implementação na rotina. Sempre se atentando ao que importa e tendo processos bem definidos para não perder a conexão com as pessoas.
Tendências para os próximos anos
E para finalizar o apanhado de aprendizados desse momento, a discussão foi sobre o futuro.
E o futuro da IA, segundo Ben Hur, está na sua transformação em infraestrutura estratégica dentro das organizações.
Essa transformação tende a permitir decisões mais assertivas e ganhos competitivos, além de criar ambientes de trabalho colaborativos, nos quais humanos e máquinas se complementam.
Aprendizado 2: Saúde mental como prioridade estratégica nas empresas
A segunda palestra do evento foi conduzida por Jessica Gonzalez, que trouxe uma reflexão necessária com o tema “Update Humano: o que precisa ser repensado nas organizações para atrair saúde mental e felicidade?”.
Com base em dados recentes, Jessica apresentou como a saúde mental influencia diretamente o desempenho e a sustentabilidade das organizações, destacando que cuidar do bem-estar das equipes deixou de ser um diferencial para se tornar uma obrigação estratégica.
O cenário da saúde mental no Brasil e no mundo
Os números apresentados são alarmantes:
- Quase 500 mil pessoas foram afastadas em 2024 por transtornos de saúde mental;
- Entre 2022 e 2023, os afastamentos cresceram 38%;
De 2023 para 2024, houve um aumento de 68% nos afastamentos; - 69% das pessoas afirmam que seus líderes têm mais impacto na saúde mental do que a própria família.
Esses dados reforçam a importância do papel da liderança no bem-estar das equipes.
A influência das lideranças no equilíbrio emocional das equipes
Jessica destacou uma relação direta: a saúde mental do time depende da saúde mental do líder. Líderes ansiosos tendem a ter equipes com níveis de adoecimento mental até três vezes maiores.
Cuidar de si é cuidar dos seus colaboradores, ressaltou a palestrante.
Impactos financeiros e jurídicos para as empresas
O descuido com a saúde mental não afeta apenas as pessoas, mas também os resultados das empresas, e são os números que dizem isso:
- Entre 2014 e 2022, R$ 2,48 bilhões foram gastos em reclamações trabalhistas ligadas ao burnout;
- Burnout, ansiedade, depressão e outras 160 condições passaram a ser reconhecidas como doenças do trabalho, aumentando os afastamentos e os custos para as organizações.
Como as empresas podem atuar na prevenção
Segundo a palestrante, investir em saúde mental é uma estratégia de prevenção e produtividade. Algumas ações práticas incluem:
- Pesquisa de clima para entender o ambiente;
- Avaliar indicadores como absenteísmo e turnover;
- Oferecer benefícios e remuneração adequados;
- Estimular suporte entre líderes e equipes;
- Incentivar relacionamentos interpessoais saudáveis e uma comunicação clara.
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Conhecer a realidade da sua empresa é o primeiro passo
Jessica reforçou que não existe fórmula pronta para cuidar da saúde mental: cada organização precisa criar um modelo personalizado.
É essencial medir os avanços, dar visibilidade às ações e entender que terapia é tanto prevenção quanto desenvolvimento de habilidades. Ambientes saudáveis nascem da cultura organizacional e do engajamento genuíno com as pessoas.
Aprendizado 3: Sair do automático para liderar com mais humanidade
Os Mentalistas trouxeram uma abordagem dinâmica e interativa para falar sobre a importância de romper o piloto automático e humanizar as relações de liderança.
A apresentação reforçou que, para liderar pessoas, é essencial primeiro olhar para dentro de si mesmo e trabalhar a consciência e a percepção.
A percepção como chave para compreender o mundo
Um dos pontos centrais abordados pelos Mentalistas foi a forma como percebemos a realidade:
A percepção é a base da compreensão do mundo. É através dela que interpretamos e atribuímos significado às nossas experiências. A gente não percebe o mundo pelos nossos sentidos, mas sim pela interpretação da nossa história de vida.
Esse olhar nos lembra que cada pessoa constrói sua visão de mundo a partir das suas experiências, e um líder precisa estar atento a isso para criar conexões mais verdadeiras.
Por que sair do automático é tão difícil?
De acordo com os Mentalistas, viver no automático pode parecer mais confortável porque gastar energia para mudar exige esforço e consciência. Sair desse estado demanda disposição para fazer escolhas mais conscientes, mesmo diante do medo e das dificuldades.
Mentalidade flexível: o primeiro passo para uma liderança mais humana
Para eles, a liderança começa com a flexibilidade da mente:
- Questionar as próprias certezas: não assumir que já conhece tudo sobre as pessoas da equipe;
- Atualizar constantemente a forma de enxergar os outros: as pessoas mudam, e as relações precisam se renovar;
- Criar conexões reais: só é possível quando o líder está disposto a rever suas histórias e abrir espaço para novas perspectivas.
Essa abordagem incentiva líderes a se tornarem mais abertos, empáticos e conectados, características fundamentais para uma gestão moderna e centrada nas pessoas.
Para continuar explorando ideias como essa, assista ao episódio do Plano Business gravado no evento, com os Mentalistas.
Aprendizado 4: Bem-estar e saúde como pilares transformadores nas empresas
O educador físico Márcio Atalla apresentou a palestra “Experiência do Cuidado: a saúde e bem-estar como transformação no ambiente de trabalho”.
Nessa conversa, o palestrante destacou um importante paradoxo: nunca tivemos tanta informação e acesso a recursos de saúde, e, ao mesmo tempo, os índices de doenças crônicas só aumentam.
O impacto do ambiente no comportamento
Atalla explicou que o ser humano evoluiu para se movimentar, mas a tecnologia mudou esse cenário. Hoje, a facilidade de acesso a serviços e produtos retira o movimento do dia a dia, reduzindo a média de passos de 10 mil na década de 70 para 5.800 atualmente.
Esse ambiente moderno não incentiva escolhas saudáveis: oferece comida em excesso e exige pouco esforço físico.
A importância do sono e dos pequenos hábitos
Ele também abordou a relevância do sono como base da saúde. Dormir bem regula o apetite, melhora o aprendizado e reduz o estresse. Com tanta estimulação, especialmente à noite, nosso corpo não consegue desacelerar naturalmente.
Além disso, a solução para um estilo de vida mais saudável não está em grandes mudanças imediatas, mas em pequenas escolhas diárias: andar pequenas distâncias, comer melhor aos poucos e incluir atividades prazerosas na rotina.
Mudança gradual e ambiente corporativo
Para Atalla, criar novos hábitos leva tempo (em média, três meses para se consolidar). As empresas devem oferecer programas de saúde e bem-estar adaptados à realidade dos colaboradores, facilitando a adoção de hábitos sustentáveis.
Pequenas mudanças no ambiente podem gerar transformações profundas!
Aprendizado 5: Longevidade, diversidade geracional e inclusão
A palestra “Longevidade e Saúde Social: o Design inclusivo Integrando Experiência e Propósito nas Organizações”, apresentada por Bianca Vilela, trouxe reflexões sobre como o aumento da expectativa de vida impacta a sociedade e as empresas.
Viver mais e melhor
Bianca destacou que não basta viver mais anos se não houver saúde física, mental e financeira. O crescimento exponencial da população idosa exige mais planejamento individual e também políticas sociais e empresariais que valorizem essa etapa da vida.
O desafio das gerações no mercado
Ela destacou a transformação nas relações intergeracionais: enquanto as gerações mais velhas carregam experiência, os jovens dominam a tecnologia. A convivência entre esses dois perfis pode gerar tensões, mas também inovação.
Para enfrentar esse desafio, empresas vêm aplicando práticas como a mentoria reversa, em que jovens ensinam tecnologia aos mais experientes, e estes compartilham sua visão estratégica.
Um olhar inclusivo para o futuro
Segundo Bianca, é fundamental que as organizações adaptem seus ambientes e culturas para integrar gerações diferentes, promovendo aprendizado mútuo e valorizando competências diversas.
Aprendizado 6: A aceleração do mundo e seus impactos
Encerrando o ciclo, Michel Alcoforado apresentou “Mercado em Transformação e o Consumidor Protagonista”, um painel sobre como a aceleração do mundo digital está moldando comportamentos e afetando nossa saúde mental.
A era da “permacrise”
Michel explicou o conceito de permacrise, um período contínuo de instabilidade e aceleração que influencia a vida das pessoas.
Esse cenário é reforçado pelo excesso de tecnologia e informações: se em 2017 o volume de dados dobrava a cada 13 meses, desde 2020 dobra a cada 12 horas.
Essa sobrecarga resulta em ansiedade, burnout e sensação de estar sempre “atrasado” diante das mudanças.
Alta performance e desconexão
Segundo ele, vivemos uma cultura de alta performance em todas as áreas da vida, onde até o lazer precisa ser produtivo. Essa mentalidade provoca descompasso com o mundo, perda de rituais coletivos e maior isolamento social.
O caminho para se diferenciar: humanidade e segurança psicológica
Para enfrentar esse cenário, Michel destacou a importância de construir relações humanas mais profundas, ambientes com segurança psicológica e abertura para conversas difíceis.
Errar com inteligência, aprender com o diferente e cultivar criatividade e sensibilidade são os fatores que nos diferenciam das máquinas.
Aprendizado 7: como criar conexões verdadeiras em tempos digitais
O palestrante Alex Ponce trouxe uma reflexão importante sobre comportamento humano e o valor das conexões genuínas, abordando como criar relações significativas em um mundo cada vez mais conectado e, ao mesmo tempo, isolado.
A importância do olhar humano
Alex destacou que, apesar do avanço tecnológico, nada substitui a conexão humana baseada na escuta e na empatia. As ferramentas digitais aproximam, mas também podem afastar, quando viram um atalho para conversas superficiais.
Presença e escuta ativa
Para criar vínculos verdadeiros, segundo ele, é preciso exercitar a presença – estar de fato no momento – e praticar a escuta ativa. Isso exige atenção, curiosidade genuína e o esforço de entender a perspectiva do outro antes de reagir.
Relações que transformam
Alex ressaltou que, no ambiente corporativo, líderes e equipes devem buscar interações que fortaleçam a confiança e criem espaços seguros para troca. É a partir dessas relações que surgem inovação, engajamento e bem-estar no trabalho.
Esse foi nosso resumão das palestras para você. Gostou? Continue aprendendo com o episódio do Plano Business gravados na 17ª edição do Café com RH.